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sinto-te perdida nesta vida
viras as costas à tua alegria
e ao amor não sentido ainda
sinto o teu corpo em lamento
uma solidão presa num gemido
no grito que me traz o vento
qual dor qual sofrimento
de um olhar já tão dolorido
de tão sagrado sentimento
recorda - amor - este momento
deste sentir a te sentir agora
num suave e breve fragmento
é hora - tenho que ir embora
eu nunca quisera ser violento
com a tristeza que em ti mora
a alegria de mim é o teu alento
abre a porta - eu estou lá fora
há sempre um princípio e um fim
um olá a uma vida pela primeira vez
e um adeus a despedir-se de mim
uma morte que chega com lividez
adeus… addio… adieu… adiéos…
é por do sol a morrer no horizonte
no princípio da noite a nascer a jusante
e a génese a trazer consigo um adeus
e tu que vieste do meu coração – adeus
parte sempre alguém em alguma parte
para gerar um novo mistério de deus
volátil vida a deixar qualquer saudade
sonhos passados que foram meus e teus
o início e o fim de uma vaga eternidade
preso a esta vida
ando por ai ambulante
com mortes súbitas nos solstícios
socorrido com choques
para me reanimarem nos equinócios
e assim vivo entre estações
imigro para universos vazios
numa viagem cheia de sentidos
e descanso em oásis perdidos
onde sou quem sou e não sou
alma e corpo e body and soul
e entre as noites e os dias
acumulo e consumo energias
em frenéticas viagens
onde sou predador ou presa fácil
sonho a fantasia disfarçada
num qualquer silêncio solitário
e grito a realidade vivida
por entre a multidão insulada
este ciclo de vida
faz-me regressar sempre um dia
mesmo depois da minha morte
na luz do sol ou na noite fria
entre um equinócio ou solstício
eu sempre volto numa qualquer biografia
perdi os contornos da vida
não foi este sentir que eu queria
em pesadelos que me atormentam
as noites frias e sem magia.
pego numa folha de papel
tento desenhar teu rosto
e fazer-te um destino meu
por onde vagueiam os mistérios
dos prazeres intensos do corpo
mas nunca desenhei o que sentia
cansado e desiludido
troquei-te por um sonho
num breve sono em que morria
e foi ali que te criei
inventei só uns olhos
para cruzar nosso olhar
uns lábios para um beijo
e um corpo para amar
beleza de tão encanto
ou sublime fantasia
porque te criei assim?
não me perguntes a razão
o que sinto dentro de mim
não tem explicação
mas sonhei-te tão leve
quase sem presença
sem pertenceres a alguém
eras apenas minha pertença
que não pertence a ninguém
foi assim que te criei
- beleza em presença -
com o papel em ausência
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